Sou professora há quase trinta anos e jamais vi há alguns anos atrás, tantas atrações e motivações nas escolas como há hoje. Antes achávamos que a resolução dos problemas de baixo rendimento e indisciplina poderia ser conseguida com o abastecimento de muitos recursos com os quais não contávamos antes: merenda escolar, transporte, livros, professores, capacitação de professores, espaço para lazer e esporte, etc. Infelizmente percebe-se que o fato do processo educativo estar andando muitíssimo lento e com bastantes deficiências comparado a poucos anos atrás, não é falta do que foi citado no início deste texto.A verdade é que está ficando cada vez mais complicado educar, se já era difícil ficou pior, ninguém sabe mais distinguir o certo do errado.
O papel do professor, que antes era dirigir, orientar com responsabilidade as atividades dos alunos, com o objetivo de prepará-los para a vida integral, sadia no seio da sociedade, com competências especializadas para o mercado de trabalho, hoje não passa de um acompanhante de turmas em números cada vez maiores, totalmente perdido em meio delas, sem saber o que fazer, por não ter mais autoridade, por perderem as rédeas das metodologias que poderiam ser aplicadas com sucesso, mas não são.
Muitas das vezes, isso acontece, não é por falta de aptidões do docente, nem pelas dificuldades enfrentadas em sala de aula, visto que elas constituem situações que fazem parte da real lida do processo ensino-aprendizagem, do disciplinar; mas em função do “comércio de alunos” criado para melhoria da educação, o qual, terceiros vêm aproveitando da situação para manterem alunos de quaisquer maneira nas escolas, sem acompanhamentos de outros profissionais que poderiam resolver problemas que estão distantes do alcance dos educadores resolverem.
A sociedade culpa os professores por todo o fracasso educativo, porém não consegue enxergar que por traz disso há uma escandalosa causa que já foi citada anteriormente e o coitado do professor não está conseguindo levar o seu trabalho a sério, em sua área faltam-lhe com o devido respeito.
1 - cobram do professor o fazer a chamada, mas se o aluno tem muitas faltas o professor é culpado;
2- se o aluno falta e na caderneta não consta as faltas o professor é culpado;
3- se não faz a prova o professor é culpado, não tem nota, o professor é culpado;
4 – Se chega no 6º ano sem saber o alfabeto, o professor é obrigado a trabalhar com uma série como se fosse multi-série.
Seria bom que repensassem e entendessem que a prioridade do ensino para um aluno de 6º ano(5ª série) deve ser para aquele que realmente está apto a real posição. Caso contrário este aluno sofrerá perda, e a sociedade, o mundo lá fora irá cobrar dele os conhecimentos condizentes à sua formação, ao seu nível. E aí? Em quem colocarão a culpa? Nos poderosos que estão por trás dos professores ou nos professores?
Quando um discente termina o nível fundamental, importa que ele esteja preparado para o médio, apto para o ENEM e para um vestibular! Sabemos claramente que as cobranças são condizentes à posição do aluno.
Agora se pergunta:
O que uns alunos fazem durante cinco anos numa escola, se não aprendem o alfabeto, não aprendem ler nem escrever palavra alguma, nem somar, nem subtrair, nem multiplicar, nem dividir pequenas quantidades? Fica difícil aprender numa aula de cinqüenta minutos, enquanto o professor terá que atender também as necessidades dos educandos que estão em real condição de estarem cursando a série, não acha?
É óbvio que não se pode em hipótese alguma pensar em deixar nenhum aluno fora da escola. Todos têm direito a educação mas também por causa de meia dúzia não se pode prejudicar os demais. O certo seria os alunos-problema terem um acompanhamento reforçado com outros professores. Será que não há fundos para isso?
Havemos de entender que não é só na área da educação que se encontra maus profissionais, se querem atribuir as dificuldades educativas a isso. Atualmente, em todas as áreas nos atropelamos com profissionais incompetentes, e sem dúvida, isso é conseqüência da falta de respeito que estão tendo com a área da educação, em função do mau emprego do capital em circulação para tal.
Querem apenas manter alunos nas escolas, sem se importarem que muitos estão interrompendo a aprendizagem da maioria que quer mudar a realidade do mundo para melhor.
Deixo claro que o que escrevi não tem nada haver com politicagem, mas com o que a mim muito interessa devido ao meu envolvimento com a demanda: a EDUCAÇÃO: REAL PILAR PARA A FORMAÇÃO DE CIDADÃOS E PARA O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE EM TODAS AS ÁREAS BOAS DA VIDA
Ilza Saldanha