terça-feira, 30 de março de 2010

[Crônica] Quem é Ela?

Vazia... Tem tudo, mas do tudo que tem nada é seu. Chega aos palácios, às mansões... É moça formosa, faz questão, de qualquer forma, de ser dentre as outras a mais bela, intelignte e notória em qualquer lugar. Na escola consegue captar um pouquinho daqui, um tantinho dali, uma reposta da Lúcia, outra do João e com o restante na colinha da mão garante a nota máxima na prova de religião sem esforço algum, a não ser dos passos para ocupar o espaço dos outros que são comuns. O mínimo de preocupação? Jamais! Nada disso se percebe em seu semblante! É senhora, mãe exemplar; senhor, chefe de família que de tudo participa. Na empresa? Inspetor de setor a caminho da função de administrador, ou quem sabe? De presidente por ter sido visto como o mais competente no ramo que na verdade ultrapassa o de bajulador. Na presença? Nem de todos! Mas concorda e discorda a depender da opinião do maior, do mais forte, da maioria envolvida no negócio. Possuiu Caim que matou Abel; perseguiu Davi através de Saul. Ainda é...Continua na luta reeivindicando direitos que não tem, posses que não conquistou. Deseja tudo o que vê, se possível compra o que não necessita ter, procura imitar, mas original nunca pode ser. Só os que têm visão são capazes de ver o que nela está implicito e o poder que ela tem de trapacear os ingênuos, tolos que não conseguem ver com os olhos do saber. Olhos capazes de identificar e desmascarar a danada causadora da real rebelião de forma silenciosa que atinge o cidadão honesto, obrigando-o a fazer protestos que podem mergulhá-lo na sargeta, deixá-lo sem identidade na prisão, ou perambulando pelos becos escuros da solidão.
Precisa revelar o ser do qual se fala? Não! Pelas travessuras mencionadas nesta alegoria consegue-se notar que não é homem e nem mulher, mas entre ambos age, enfia sua colher. Por causa dela apedrejaram Estêvão, soltaram Barrabás e cruscificaram Jesus. É marcante na extrema e adulta inteligência humana sem a “essência do bem: sabedoria que muios apesar de terem não reconhecem de onde vem”.
Autora: Ilza Saldanha

domingo, 21 de março de 2010

[Conto] A Virada

Mariquinha Rosana Flores dos Santos, eu me lembro bem! Este era o seu nome verdadeiro, quando vivia no sertão nordestino com seu marido e seus oito filhos. De seu marido não cheguei a gravar o nome, porém o seu, devido às tantas vezes que fora convidada para estar nas reuniões de pais e mestres da escola onde trabalho como auxiliar de administração, eu gravei: disse Apolônio.

Trata-se de uma guerreira. Mulher trabalhadeira, uma máquina em constante ativação. Cuidava bem da casa, do marido e dos filhos, era uma flor, cujo perfume estava por toda parte da casa. Além dos cuidados com a casa, lavar roupa para toda a vizinhança, a fim de ajudar nas despesas da família.

Também podia ter evitado colocar tantos filhos no mundo, com a vida difícil que levava! Seu marido era bom, laborioso... Não perdia tempo, topava tudo, não tinha estudo, mas, de servente de pedreiro a encanador ou a qualquer serviço adequado ao seu nível, fazia para manter a casa de alimentos, roupas, calçados e tudo mais.

Mas me diga, por que Mariquinha resolveu enfrentar a vida na cidade grande?

_ Você não soube? Ela foi justamente tentar a melhor sorte, pois depois que seu marido faleceu estava passando até fome com seus filhos!

_ Uai Vicente, o Zé do Burro morreu? Quando foi isso, homem?

_Sim Apolônio, o Zé foi mordido por uma cobra enquanto tralhava na rocinha do fundo de sua casa, onde ele plantava umas coisinhas para auxiliar nas desprezas da família, e quando resolveram procurar um pronto socorro já era tarde. Aí, Mariquinha ficou com o peso de todas as responsabilidades nas costas, por isso arribou-se com os filhos para são Paulo. Disse que o Juquinha já tem dezoito anos, a Mariana dezessete e que na cidade grande há maior chance de trabalharem e todos estudarem.

_ Ah, entendi. Pensando bem, acho que ela tomou o rumo certo, porque onde mora não há como sustentar uma família tão numerosa, sozinha.



Então, no dia 12 de dezembro de 1963, Mariquinha e seus oito filhos partiram para São Paulo. No princípio foi muito difícil. A família teve que dormir ao relento, pois só foram conseguir uma casinha com quarto, banheiro e cozinha, no dia seguinte, graças a um gurda que trabalhava ali por perto, que percebeu as atitudes honestas daquele povo sofrido. O dinheiro era pouco, mal dava para pagar um mês de aluguel juntamente com as desprezas. Mariquinha bateu de porta em porta a procura de roupas para lavar e faxinas para fazer, enquanto Mariana e Juquinha cuidavam da casa e dos irmãos pequenos. Perambulou durante duas semanas e nada.

_ E agora mãe? As coisas de comer estão acabando e o dinheiro que temos é para pagarmos o aluguel! O que vamos fazer?

_ Calma Mariana, ainda há esperança, não podemos desanimar! Vai dar tudo certo.



Mariquinha era persistente, otimista e dinâmica. Acordou cedo no dia seguinte, tomou café com um pedacinho de pão, porque um pão tinha que ser dividido entre duas pessoas por causa das dificuldades vivenciadas, no momento precisavam economizar

_ Olá, para onde você está indo. Perguntou um senhor de cabelos grisalhos.

_ Para onde o destino me levar. Sei que os meus olhos hão de enxergar uma boa direção onde eu possa encontrar a solução para o meu problema. O meu Deus é fiel!

_ E qual é o seu problema?

_ Na verdade não é apenas um problema, são vários.

_ Como assim? Você não está com aparência de de quem tem tantos problemas! Sua expressão facial é alegre e não de uma pessoa sofrida. Qual é mesmo o seu nome? Já conversamos tanto e eu não sei o seu nome e nem você sabe o meu.

_ Mariquinha. Pode me chamar de Mariquinha. É assim que todos me conhecem. Mas, e o seu?

_ Armando.

_ Engraçado! Meu esposo tinha um irmão com este nome.

_ Eu tenho um irmão desaparecido. Nós morávamos em Recife, depois que nossos pais se separaram, eu vim para São Paulo e ele foi para a Bahia. Meus pais faleceram e éramos só nós dois.Você é daqui?

_ Não. Eu sou da Bahia, cheguei aqui há duas semanas atrás. Lá, meu marido foi mordido por uma cobra, demorou de ser socorrido e morreu. No povoado onde morávamos não há recursos para eu e meus filhos sobrevivermos. Como já tenho um filho rapaz e uma filha com dezessete anos, juntamente com os menores, resolvemos vir para uma cidade grande tentar a sorte, trabalhar, estudar...

_ Qual era o nome do seu esposo?

_ José Severo Missias dos Santos. Porém era conhecido por Zé do Burro, porque só andava montado em um burrinho que tínhamos para fazermos as remessas na cidade. Um homem muito bom, trabalhador, que nunca deixou faltar o essencial em casa, até que acontecesse o inesperado, o que já foi explicado antes, durante nossa conversa.

_ Meu Deus! Que mundo pequeno! Era meu irmão! E agora encontro a esposa dele em plena São Paulo! Conte-me sobre vocês!

_ Uma parte eu já lhe falei. Tenho oito filhos: Juquinha, Mariana, Rosinha, Pedro, Terenço, Dário, Juliana e Patrício. Vim para cá com pouco dinheiro, apenas o suficiente para pagar um mês de aluguel e de alimentos, na esperança de arrumar logo um trabalho para mim e para meus filhos mais velhos, colocar as crianças na escola, dar a eles um futuro melhor. Contudo as coisas não estão se saindo como eu esperava. Até o momento estou desempregada e preocupada com o que virá a acontecer. Já me sinto arrependida, acho que não deveria ter saído de minha terra.

_ Não diga isso! Saiba que não estou aqui por um acaso, dificilmente me encontro numa situação dessas. Foi preciso que meu carro tivesse problema, ficasse ali com o mecânico, para que eu pudesse encontrar vocês. É muito importante para mim este encontro, pois além de minha esposa só tenho vocês de parentes. E você não tem porque se arrepender de ter vindo para cá. Quando cheguei aqui fui morar com um casal riquissímo, sem filhos, que fizeram tudo por mim. Eles me amavam! Cuidei deles com carinho até na hora do último suspiro Hoje Sou dono de uma grande herança. Tenho uma empresa, várias propriedades, casas,...Sou casado, mas não tenho filhos. Agora tenho com quem dividir minhas alegrias e tristezas. Amanhã bem cedinho mandarei buscar você e as crianças. Não precisa se preocupar com nada!



Mariquinha chega em casa saltitando de alegria, chama os filho e conta-lhes o ocorrido.

_ Mãe, você está bem? Tem certeza que não foi um sonho?

_ Claro que Não Juquinha! É incrível, mas é verdade. Agora terão a vida que desejavam. Vão cuidar dos dentes, da saúde, estudar, fazer faculdade... Como Deus é fiel! Pena que o Zé não esteja mais entre nós para ver a virada de nossas vidas.

AUTORA: ILZA SALDANHA

[Conto] Amor Sem Fronteira

AUTORA: ILZA SALDANHA

Todos os dias era a mesma coisa: Banhava-se, ia para o seu quarto, ficava diante do espelho se arrumando. Perfumava-se, colocava uma cadeira na porta de sua casa, ali se sentava olhando para a esquina do bar. Freqüentemente se encontrava na porta da casa, sentada naquela cadeira uma menina bonita e elegante com olhar fixo na esquina do bar, que Miguel gostava de frequentar  Dia vinha e ia... A cena se repetia. Ninguém sabia qual era a expectativa daquela ingênua garota, até que Miguel, por ter se encantado à primeira vista pela donzela, desejava uma aproximação com a pequena, mas queria saber o que estava por trás daquela sena. Resolveu então prestar atenção, para matar sua curiosidade, conversa consigo mesmo:



_ Preciso descobrir porque essa garota se senta todas as tardes, no mesmo horário, na calçada de sua casa e comporta-se como se estivesse esperando alguém que tanto ama!


_ Não. Eu não posso me envolver tanto assim com a vida dela! E se for apenas um hábito?


_ Mas não é possível! Há algo por trás da cortina que tenho que saber antes de me aproximar dessa menina! Vou plantar-me todas as tardes em minha janela para averiguar.




Bem assim fez Miguel. Durante uma semana colocou-se na janela de sua casa, acompanhando os olhares da moça, de modo que, no terceiro dia, seu pescoço já doía de tanta agonia. Mas valeu a pena, pois, no quarto dia de vigilância, ele percebeu que todo final de tarde um rapaz alto, moreno, enfardado vinha daquela esquina e passava pela porta da casa da garota e assim que ele passava, ela recolhia a cadeira e entrava porta adentro da casa. Porém, o mistério ainda não termina aí. No quinto dia da semana, Miguel aproxima-se do rapaz, procura fazer amizade com o mesmo, começam a falar sobre a garota.




Miguel pergunta ao rapaz:


_você conhece...? Deu as características da menina...


O rapaz responde:


_ Claro. Ela é linda, não é?


Miguel responde:


_Muitíssimo! Você já teve a oportunidade de conversar com ela? Todos os dias ela observa você passar...


O moço responde:




_Já percebi que a mudinha está gamada em mim.Todas as vezes que venho do trabalho, ela está na porta da casa. Já me falaram que depois que passo ela entra para dentro.


Miguel ficou assustado, com a frieza do rapaz ao falar sobre a mudez da moça e imaginando como poderia uma garota tão linda ser muda. Mesmo assim, a deficiência física da menina não o impediu de procurá-la...

[Crônica] E Tudo Inflou

Se é que é preciso mesmo chegar, que chegasse num pulo, de surpresa! Não sei para que anunciam sua vinda até dois meses antes! Isso causa um reboliço nas mentes das pessoas. Sei que ele não tem culpa e que a culpa é deles:os cabeções...Resultado: Tudo inflou!

Em minha cidade o açúcar se orgulhou e dobraram o seu custo, a batatinha não quis ficar por baixo, aumentou que foi um horror! Não foi no tamanho, mas cresceu cem por cento seu valor.

Tudo em função do pobre mínimo que além de ser o que é, sofre a perseguição, pois antes de sua chegada ele é revelado através dos jornais fofoqueiros aos banqueiros, carniceiros que nem podem saber se há algum trocado a mais nos bolsos dos consumidores.

Ainda bem que o mínimo nem sapato pode ter para carregar uma pedra que venha machucar seu pé, mas a maioria que recepciona o popular camarada não pode nem ficar contente com a sua chegada.

Quando resolvem aumentar o tamanho do pequeno meu caro, não há consumidor que fique sossegado! Tudo cresce enquanto o dinheiro no bolso desaparece. O coitado surge com uma minúscula diferença com relação ao tamanho que era, porém, já sentenciado a ser esmagado por uma baita montanha (a inflação) antes mesmo de chegar ao seu destino e alegrar um pouco a alma do povão.

E há quem ache bom o aumento desse salário...

Autora: Ilza Saldanha

[Conto] Um Mistério

Autora: Ilza Saldanha

Família numerosa, todas as noites, pais, filhos e amigos reuniam-se na sala batendo papo. Saiam histórias muito engraçadas: de pescadores, de garimpeiros, de carreteiros, de vigias, de aventureiros e outras. Escutavam-se as altas gargalhadas há metros de distância da casa. A patroa sempre disposta preparava aquele cafezinho com biscoitos ou torradas Por volta das vinte e duas horas, cada qual procurava seu cantinho para descansar, repor as energias para a jornada do dia seguinte, enfim dormir dormir, pois como diz o ditado niguém é de ferro. Um dos rapazes filho do anfitrião da casa entra para seu quarto na companhia de seu irmão mais velho. Já deitados continuam a conversar:

_ Ainda bem que hoje não vou demorar muito para pegar no sono. Acordei às cinco da matina!

_ É Tonho, eu também dei um duro o dia todo arrumando aquelas mercadorias no armazém, estou cansado.

Léo dormiu enquanto Tonho continuava acordado. O rapaz não era nada bom de sono e em sua sinceridade, visto que não era homem de mentiras, durante o péríodo que ficou acordado, de barriga para cima olhando o telhado coisa misteriosa o deixou um tanto desassossegado. Seu quarto era o da frente, o primeiro da casa. Sua cama ficava com a cabeceira ao pé de uma janela que possuia dois vidros, um de cada lado. Por um dos vidros que havia quebrado ficava apenas o buraco. Na frente da casa que mesmo com as luzes apagadas, havia um poste, cuja lâmpada clareava um pouco o quarto graças àquela abertura na janela, o que possibilitou ao rapaz perceber a aparição de uma estranha mão, de tamanho e cor bastante diferente de mão humana. Era grande,muito branca e vinha daquele oríficio em direção aos peitos do rapaz, retornando em seguida. O ato se repetiu por várias

vezes. Tonho não teve medo, mas achou estranho. Ficando confuso foi para a sala, acendeu um cigarro e deitou-se num velho banco. Após fumar o cigarro disse consigo mesmo:

_Agora vou voltar para minha cama, ver se acabou o delírio, se consigo dormir. Voltou para seu quarto e deitou-se.

Passados alguns minutos a cena se repete.

_Ah, não é possível! De novo? Eu preciso dormir, tenho que trabalhar cedinho!

O moço indignou-se. Não pensou duas vezes: pegou seu colchão, foi para outro quarto e ali passou tranquilamente o restante da noite.

No dia seguinte, na reunião das vinte horas, Tonho começou a contar para todos o drama que assistiu durante uma parte de sua noite...



No dia seguinte, na reunião das vinte horas, Tonho começou a contar para todos o drama que assistiu durante uma parte de sua noite...

Léo, assombrado disse ao Tonho:

_ E eu que pensava que os contadores de histórias da rodada fossem somente o Anibal e o Tio Zé... Agora você também Tonho? Aprendeu, heim?

_ Não! Não é uma dessas... O que eu estou contando é verdade, aconteceu mesmo gente! Não é uma brincadeira, só que eu não tive nenhum pouco de medo, apenas fiquei chateado por não poder dormir bem.

Tio Zé, duvidando da palavra do Tonho levanta-se, vai até ao quarto do rapaz olhar a janela e a posição da cama. Retorna para a sala e fala: é um mistério mesmo porque a distãncia da abertura da janela para a cama não permite que uma mão alcance alguém deitado.



Chega o horário de descansar. Todos procuram seu rumo. Tonho vai para seu quarto novo e Léo direciona-se par o mesmo quarto, o seu quarto de sempre.

Tio Zé mais dois companheiros figem que vão para casa e dão um tempo embaixo de uma árvore que fica em frente da casa dos rapazes. Lá por volta das doze horas, um deles pega um grande ramo da árvore, com cuidado, em silêncio sobe na janela e com o o tal ramo toca o rosto de Léo. O garoto ainda estava acordado, pois os nervos estavam abalados com a história que o Tonho havia contado. Quando o ramo lhe tocou, o tio Zé e seus amigos só ouviram o grito do rapaz que sai correndo para o banheiro. Resultado:

No dia seguinte apareceu mais um contador de histórias... E verídica

[Conto] O Menino Misterioso


Carolina já não sabia mais o que fazer. Seu dia a dia era uma loucura! Viúva, mãe de Júlio e Juliana. Trabalhava oito horas por dia em uma fábrica de papel para sustentar a família. Em consequência de seu falecido esposo não ser empregado antes de morrer, é claro, não recebia nenhuma contribuição financeira de sua parte. Ainda pequenas, as crianças ficavam com uma vizinha, uma senhora muito boa que se prontificou a ajudar Carolina. Tudo ia bem. A distância da casa da jovem mãe à fábrica era favorável para que ela almoçasse com as crianças e voltasse para o trabalho. Então, Carolina trabalhava durante o dia e à noite cuidava dos afazeres domésticos: a faxina, o almoço e o jantar. Seu único lazer era assistir um pouco de TV antes dormir. Ficava ansiosa pela chegada do final de semana para descansar e passar o dia com os filhos. Júlio tinha apenas cinco anos de idade quando sua mãe percebeu algo estranho em seu comportamento. Como a família morava em uma cidade do interior, a casa tinha um quintal grande com muitas bananeiras e outras plantas. Júlio que gostava de ficar em frente à TV assistindo desenho animado, não se encontrava na sala, não tinha mais o mesmo interesse. Sua mãe procurou em todos os cômodos da casa e não o encontrou. Foi procurá-lo no quintal: 


O quintal era grande. Muito grande! Ela o chamou várias vezes.

___ Júlio!!! Júlio...!!!

Depois de muito tempo, o garoto respondeu com uma voz bem fraquinha, que parecia vir de muito longe:

_ Tô aqui mamãe!

A mãe preocupada procurou por todo quintal, até o encontrou deitado, com a cabeça apoiada nos braços, embaixo de uma torcera de bananeira, de olhos arregalados, olhando para o céu. Ela disse:

_ Filho o que você está fazendo aí, deitado embaixo dessas bananeiras? É perigoso menino! Vamos para casa. È hora de dormir! 

O garoto olhou para a mãe como quem estivesse embriagado e disse:

_Mamãe, me deixe ficar mais um pouquinho! Aqui tá tão bom! Só um pouquinho, só um pouquinho, deixa mamãe, vai!!!

Carolina não entendia porque seu filho, de apenas cinco anos de idade, insistia para que ela o deixasse ali naquele lugar, onde só havia pés de bananeiras, e falou em voz alta:

_Ah meu Deus! O que há agora? Despreocupei-me por tê-lo encontrado, mas por outro lado acho estranho o comportamento de Júlio.Em seguida fez de conta que concordou com o garoto e disfarçadamente afastou-se, pôr-se de longe, sem que o menino percebesse, a espiar seus movimentos, o que ele fazia ali e se havia alguém por perto. E nada! Era impressionante! O menino continuava deitado olhando para o céu até que adormeceu. Ela o pegou no colo, levou para casa, com muito pelejar deu banho e colocou na cama. Dormiu como um anjo! No dia seguinte ele acordou bem, fez suas atividades, normalmente, como nos dias anteriores.

À noite no mesmo horário sentiram falta do menino em casa. Carolina foi à sua procura no mesmo lugar de antes e não o encontrou. Começou a chamar:

_ Júlio é hora de dormir, venha para casa!

O garoto não respondia.

_Júlio venha tomar banho para dormir, menino! Eu sei que você está se escondendo, por favor, filho! Eu preciso acordar cedo para trabalhar. Apareça!!!

Nada! O menino não dava sinal de vida. Carolina fica desesperada, ainda mais depois de saber sobre o corpo de uma criança encontrada em um matagal próximo à sua casa, e o desaparecimento de outras crianças na cidade, através de um jornal da TV.

Sua filha Juliana entra e diz:

_Mamãe Júlio tá dormindo lá na calçada. Ele tá lá de papo pro ar, roncando feito um porquinho. Ele é mesmo um anjinho, mas só dormindo, porque, acordado é um pestinha!

Aliviada, a mãe do garoto dá uma risada, vai à calçada e vê seu filho dormindo sozinho na mesma posição que ela o encontrou embaixo da corteira de bananeira. Ela respira fundo, apanha o menino e leva para o quarto. E diz: 06/02/09 excluir Ilza Saldanha

_ Será que este menino não ficou com medo de ficar sozinho embaixo daquelas bananeiras?É estranho. Um garoto de cinco anos ...

Todo o dia à noite, às vezes fazendo frio, Carolina encontrava seu garoto fora de casa, no meio do tempo, e, quando ele não estava dormindo, estava de olhos bem abertos olhando o céu. Perguntava ao menino o que ele fazia ali, ele respondia simplesmente, que era bom.

Em uma bela noite de lua, a claridade mostrava uma linda paisagem que envolvia não apenas as bananeiras como também as laranjeiras do quintal, estava o menino a declamar:

_ Oh lua! Um dia serei seu e você será minha. Vou subir num foguete como o Apollo 11 e dentro de você vou tomar sorvete. Mamãe falou que você é a dama mais linda da noite. As nuvens passam por você. Se eu fosse uma nuvem, abraçaria você, sabia? Não vá embora! Não deixe de aparecer!!! Eu amo você.


A mãe que no dia seguinte iria levar o filho ao psicólogo, ao ouvir aquelas palavras proferidas pelo filho, sentiu-se atônita ao perceber sua sensibilidade.Carolina sentiu-se como se tivesse tirado um grande fardo de suas costa ao descobrir o mistério das saídas de seu pequeno Júlio à noite.

Autora: Ilza saldanha

A Grandeza dos Pequenos Seres


Enquanto um grupo cumpre seu labor durante o dia, o outro se prepara para a noite de modo que, no finalzinho da tarde, na chamada boquinha da noite, seus componentes começam os preparativos para enfrentarem mais uma jornada de trabalho árduo.


_ Final de tarefa. Parabéns! Fizeram um ótimo trabalho. Agora é a vez das outras tomarem a estrada. Assim disse a chefe.

_É isso mesmo pessoal, ocupem suas posições, juntas enfrentaremos perigos e venceremos todos os obstáculos surgidos à nossa frente.

_Boa palavra de guerra, Dorotéia! _Vamos, vamos meninas! A chuva já está se aproximando e nós precisamos abastecer nosso celeiro.

_ É verdade Caroline, olhe aquela nuvem como está carregada e escura! Temos que agilizar nossos passos para encontrarmos alimentos e voltarmos ao nosso refúgio.

_ Olhe lá! Você viu o relâmpago que deu? Rasgou o céu ao Leste.

_ E não é só ao Leste, não. Ao Norte também se pode ver relâmpagos, longe, mas pode-se ver.

_ Se chover, só podemos realizar nosso trabalho depois que as águas baixarem, quando encontrarmos caminho seguro para trafegarmos.

_É, e já passou uma revoada de andorinhas anunciando os primeiros pingos. Quando elas aparecem, é um belo sinal de chuva aqui no nordeste.

_ Gente, sei que todas estão apressadas por causa da chuva, mas, houve um contratempo, Mirela machucou-se e está impossibilitada de andar.

_ Mileide, onde ela está? Como faremos para encontrá-la?

_É fácil!Tenho certeza que assim como eu, vocês também passaram por uma grande pedra em meio ao caminho. Então, ela está embaixo daquela pedra que se encontra em meio ao caminho antes do pequeno do lago que a gente contorna. Lembram?

_Rápido! Vamos socorrê-la!

Unidas, lá foram elas socorrer a jovem Mirela.

_ O que houve garota? Qual é o problema?

_ A minha perna! Não consigo andar! Ela dói muito! Acho que quebrou quando passei de mau jeito na ponta afiada da pedra.

Cheia de experiência por ter certa idade Caroline começa a examinar a perna da jovem.

_ Deixe-me ver se está realmente quebrada. Confie em mim, por favor!

Pegou com delicadeza a perna da moça e tentou flexioná-la. A menina soltou um grito, mas um grito agudo tão alto que quase surda toda a comunidade que habitava ali naquelas proximidades. Caroline se espantou, mas, pôde constatar que sua perna não sofreu nenhuma quebradura, foi apenas uma leve machucadura, que por ser numa das articulações doía como se fosse uma fratura.

A mais forte jogou a amiga machucada nas costas, levou-a para casa, para que ela repousasse, e, pegou o caminho de volta ao grupo de trabalho. Após ter caminhado bastante, encontra uma turma que voltava com suas suadas mesadas. Contou-lhes o ocorrido e então elas lhe disse. Siga rápido, encontrará outro grupo adiante que ainda está indo ao almejado destino.

Caroline alcançou a turma, mas veio a chuva... Ela e o grupo entraram numa casa que não era sua. A casa estava vazia. Seus moradores sem dúvida foram exterminados. Quando parou de chover, saíram uma após a outra. Só sentiram falta das outras depois de terem andado um bom pedaço. Voltaram à casa onde passaram o temporal em busca do paradeiro das companheiras. Ao se aproximarem o que avistaram  Um baita tamanduá. Então recuaram. Não precisa explicar o que aconteceu às pobres que deixaram de ser viventes. Partiram. Choram a perda das companheiras, ao passo que comemoravam por terem a sorte de conseguirem passar sem serem percebidas pelo gigante predador.

Agora, seguem enfileiradas, umas vêm enquanto outras vão. Nenhuma passa pela que vem sem cumprimentá-la. Todas trabalham para se sustentarem. Observando-as percebe-se que se uma passar um pouquinho adiante da que vem, ao notá-la faz a volta, cumprimenta-a e segue sua viagem. É impressionante! Relacionam-se entre si como se fossem racionais, ou melhor dizendo, elas se relacionam de forma tão harmoniosa que supera o relacionamento de uns que deviam ser racionais, que quanto mais se dedicam às universidades da leitura e da escrita, mas ficam irracionais, estranhos, que vivem em grupos, cujos membros se distanciam uns dos outros, procuram se socializar mais prosseguem, individualistas, donos da verdade.

Não se pode comparar o comportamento de pequenos seres, dos quais nem se imagina o tamanho do cérebro com o comportamento de “humanos” cujos cérebros parecem nem existir devido a significância absurda de suas ações.

Ao contrário desses humanos, elas são organizadas, vivem em harmonia, todas trabalham, na casa não falta nada. Em veracidade as abelhas são semelhantes a elas. Sociedade: os Homens precisam saber seu verdadeiro significado.
Ilza Saldanha



Setembro de 2009

quinta-feira, 18 de março de 2010

[Crônica] Opinião: Cada Qual Tem a Sua






Uma formiga resolveu sair sozinha, perdeu-se no bosque, coitadinha! Ficou tão alucinada que passou um tempão procurando o caminho de casa. Encontrou uma cigarra que apenas cantava, com mais nada ligava e, portanto não deu ouvido ao que ela falava. Quando a formiga olhou para o tronco da árvore  antenada percebeu uma fileira de seres em movimento, porque suas antenas lhe ajudaram a perceber a presença de seus semelhantes, o que a levou a seguir as outras formigas.


O comportamento das formigas é admirável. Elas têm cérebro micrócopico, mas Deus as proveu com antenas que facilitam suas vidas, de modo que as vezes, ao observá-las, aos nossos olhos parecem formigas humanas!



Agora, desagradável é perceber que onde não deveria existir, também há as humanas formigas, dentre as quais, do mesmo modo que a primeira opina, as demais seguem em fila.



Não dá pra entender, nem se sabe se isso é devido às potencialidades do cérebro ou atitude parasita, que não quer se dar o trabalho de pensar, aproveitando a opinião dos outros, acrescentando somente uns poucos.



Agentes sanguissugas!!!




É uma pena que esses alguns têm descaso da capacidade que lhes foi dotada para fazer a diferença na sociedade.

Autora: Ilza Saldanha

quinta-feira, 4 de março de 2010

Uma Pequena Reflexão

O prazer de viver não está no desejo de ser reconhecido(a),
mas na satisfação de uma necessidade,
que nasce no interior da alma
de quem tem compromisso com a felicidade.
É realizar sonhos desde os mais simples como:
o de ver o sol nascer, ver chover e molhar a terra seca,
ouvir o canto dos pássaros ao amanhecer,
poder sorrir com os que se alegram,
chorar com os que choram.
É poder partilhar com as pessoas em diversas ocasiões,
e as vezes poder se isolar por um momento,
quando necessariamente
sentir que é hora de refletir e se auto-avaliar.

Ilza Saldanha

Inspiração


Autora:Ilza Saldanha


Mente ocupada
e tralhas de um viajante
que deseja chegar ao cume do monte
para realizar seus sonhos.

Inspiração distanciada
Por não encontrar sequer uma beirada
Para invadir a casa
E espalhar seu aroma pela sala.

Mas a hora vem
Acompanhada de palavras
ou de frases ilustradas
enchendo a alma da arte literária

Inspiração ora ousada, ora educada,
espera a sua vez de chegada
Vem com bagagem estilística
Suave coragem e as vezes,

Com imagem delicada.

Flores e Amores


Autora: Ilza Saldanha

Veio de longe,
trazendo flores,
sorriso nos lábios,
sem dinheiro no bolso.

Encontrou Margarida,
entregou as flores,
olhou em seus olhos,
descobriu seus valores

Margarida sorriu,
ele não mais partiu,
cheia de amores
ela viveu no jardim das flores

Alerta ao coração


Autora: Ilza Saldanha

Vai-se o tempo
em passos lentos,
não há nada em seu caminho
que o interrompa de andar.
Leva consigo uma bagagem imensa
Mas deixa outro tempo em seu lugar.

Vai-se o tempo...
Carrega tudo ou deixa marcas
impossíveis de se apagar,
fica a história
abarrotada de vultos que outrora
ainda contribuem fazendo a hora
da contemporaneidade que aflora.


Vai-se o tempo contemporâneo
em passos rápidos,
transforma o hoje no ontem,
o amanhã no agora
e as lembranças estacionam na memória.

Vai-se o tempo...
A consciência coloca-se em posição presente,
a saudade bate à porta
com marteladas de emoção repercutem
como uma alerta ao coração:

Vai-se o tempo...
Vai-se a vida...
Fica o tempo...
Fica a vida...
Cada tempo no seu tempo,

cada vida... é uma única vida.

Determinação


Autora: Ilza Saldanha


Folheou um livro que não gostou.
Deu um passo à frente seguiu viagem.
Tropeçou, foi ao chão, mas a tempo levantou.
Deu um grande giro, sorriu,
ergueu a cabeça e pensou...
Mirou uma nova direção
Pegou um violão e compôs uma bela canção
Que ficou na memória
da população.

Caminhou com fé,
Sempre imaginou que poderia chegar,
mas não onde chegou

Fez história e está revendo o livro real agora.

Meu Pé de Tamarindo


Autora: Ilza Saldanha

Não sei se és o meu filho mais velho,
mas continuas lindo!
Frutificando para os meus meninos,
Meu velho pé de tamarindo

Muito sabes tu de minha história
Vistes passar por ti muitas crianças,
Senhores e senhoras,
Fanfarras paravam em tua sombra para
Entoarem hinos de vitória.

Meninos que iam e vinham para a escola,
Uns já estão velhos, outros já se foram embora
Homens e mulheres que iam à feira ou à igreja
Passavam por ti, descansavam umas horas

Testemunha tu és dos inícios de amores
Que sob tua copa apreciavam a rua e a lua
E se embriagavam trocando versos
Encantadores em seus namoros.

Namorados contemplaste, de tantas gerações
Viste casais se separando e unindo
Meninos brincando e velhos sorrindo

É meu velho, continuas prestativo!
Possuis o mesmo prestígio!
Há muitas histórias, ainda, para o teu livro

Quem te vê, sente saudades do que ouviu
E sendo eu mais velho que tu, não sei como tu surgiste.
Mas, sei que alguém que nasceu em mim,
Plantou tua semente, cresceste e continuas vivente

Na Praça da Bandeira, alegrando a gente.