domingo, 21 de março de 2010

A Grandeza dos Pequenos Seres


Enquanto um grupo cumpre seu labor durante o dia, o outro se prepara para a noite de modo que, no finalzinho da tarde, na chamada boquinha da noite, seus componentes começam os preparativos para enfrentarem mais uma jornada de trabalho árduo.


_ Final de tarefa. Parabéns! Fizeram um ótimo trabalho. Agora é a vez das outras tomarem a estrada. Assim disse a chefe.

_É isso mesmo pessoal, ocupem suas posições, juntas enfrentaremos perigos e venceremos todos os obstáculos surgidos à nossa frente.

_Boa palavra de guerra, Dorotéia! _Vamos, vamos meninas! A chuva já está se aproximando e nós precisamos abastecer nosso celeiro.

_ É verdade Caroline, olhe aquela nuvem como está carregada e escura! Temos que agilizar nossos passos para encontrarmos alimentos e voltarmos ao nosso refúgio.

_ Olhe lá! Você viu o relâmpago que deu? Rasgou o céu ao Leste.

_ E não é só ao Leste, não. Ao Norte também se pode ver relâmpagos, longe, mas pode-se ver.

_ Se chover, só podemos realizar nosso trabalho depois que as águas baixarem, quando encontrarmos caminho seguro para trafegarmos.

_É, e já passou uma revoada de andorinhas anunciando os primeiros pingos. Quando elas aparecem, é um belo sinal de chuva aqui no nordeste.

_ Gente, sei que todas estão apressadas por causa da chuva, mas, houve um contratempo, Mirela machucou-se e está impossibilitada de andar.

_ Mileide, onde ela está? Como faremos para encontrá-la?

_É fácil!Tenho certeza que assim como eu, vocês também passaram por uma grande pedra em meio ao caminho. Então, ela está embaixo daquela pedra que se encontra em meio ao caminho antes do pequeno do lago que a gente contorna. Lembram?

_Rápido! Vamos socorrê-la!

Unidas, lá foram elas socorrer a jovem Mirela.

_ O que houve garota? Qual é o problema?

_ A minha perna! Não consigo andar! Ela dói muito! Acho que quebrou quando passei de mau jeito na ponta afiada da pedra.

Cheia de experiência por ter certa idade Caroline começa a examinar a perna da jovem.

_ Deixe-me ver se está realmente quebrada. Confie em mim, por favor!

Pegou com delicadeza a perna da moça e tentou flexioná-la. A menina soltou um grito, mas um grito agudo tão alto que quase surda toda a comunidade que habitava ali naquelas proximidades. Caroline se espantou, mas, pôde constatar que sua perna não sofreu nenhuma quebradura, foi apenas uma leve machucadura, que por ser numa das articulações doía como se fosse uma fratura.

A mais forte jogou a amiga machucada nas costas, levou-a para casa, para que ela repousasse, e, pegou o caminho de volta ao grupo de trabalho. Após ter caminhado bastante, encontra uma turma que voltava com suas suadas mesadas. Contou-lhes o ocorrido e então elas lhe disse. Siga rápido, encontrará outro grupo adiante que ainda está indo ao almejado destino.

Caroline alcançou a turma, mas veio a chuva... Ela e o grupo entraram numa casa que não era sua. A casa estava vazia. Seus moradores sem dúvida foram exterminados. Quando parou de chover, saíram uma após a outra. Só sentiram falta das outras depois de terem andado um bom pedaço. Voltaram à casa onde passaram o temporal em busca do paradeiro das companheiras. Ao se aproximarem o que avistaram  Um baita tamanduá. Então recuaram. Não precisa explicar o que aconteceu às pobres que deixaram de ser viventes. Partiram. Choram a perda das companheiras, ao passo que comemoravam por terem a sorte de conseguirem passar sem serem percebidas pelo gigante predador.

Agora, seguem enfileiradas, umas vêm enquanto outras vão. Nenhuma passa pela que vem sem cumprimentá-la. Todas trabalham para se sustentarem. Observando-as percebe-se que se uma passar um pouquinho adiante da que vem, ao notá-la faz a volta, cumprimenta-a e segue sua viagem. É impressionante! Relacionam-se entre si como se fossem racionais, ou melhor dizendo, elas se relacionam de forma tão harmoniosa que supera o relacionamento de uns que deviam ser racionais, que quanto mais se dedicam às universidades da leitura e da escrita, mas ficam irracionais, estranhos, que vivem em grupos, cujos membros se distanciam uns dos outros, procuram se socializar mais prosseguem, individualistas, donos da verdade.

Não se pode comparar o comportamento de pequenos seres, dos quais nem se imagina o tamanho do cérebro com o comportamento de “humanos” cujos cérebros parecem nem existir devido a significância absurda de suas ações.

Ao contrário desses humanos, elas são organizadas, vivem em harmonia, todas trabalham, na casa não falta nada. Em veracidade as abelhas são semelhantes a elas. Sociedade: os Homens precisam saber seu verdadeiro significado.
Ilza Saldanha



Setembro de 2009

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